22 de Novembro, Dia do Músico?


Dia do músico, serve pra que?

22 de novembro de 2011, por Renato Siqueira
Hoje é dia do músico (não me pergunte o porquê, eu realmente não sei!), e o que mais recebo são homenagens, felicitações e parabenizações.
É tudo muito bonito e recompensador, ver que as pessoas nos respeitam, admiram e demonstram carinho pelo nosso trabalho. Mas e nós músicos, nos respeitamos? Buscamos nossos direitos e reconhecimento junto ao público e aos produtores?
Infelizmente, não!
Enquanto houver “músicos” que tocam de graça, que não se preocupam com atitudes profissionais, que não se fazem respeitar, NUNCA teremos a música como um mercado profissional que imponha respeito! A pequenez da maioria dos músicos do nosso underground (e às vezes, alguns do mainstream também) acha que é legal chegar bêbado, drogado, tocar de qualquer maneira, em qualquer espelunca, em troca de cerveja e acha que isto é “atitude rock”!
Pense em outra situação: imagine você chegar para uma consulta no dentista, e lá chegando, ele atrasa em uma hora o seu atendimento, te recebe mal vestido, com uma garrafa de cerveja ou qualquer outra bebida alcoólica na mão e um cigarro (ou assemelhados) na boca. Você iria mesmo abrir sua boca pra ele tratar seus dentes? Eu não!
Então, se um profissional (neste caso, o dentista) não teria este tipo de atitude, porque os músicos “profissionais” podem tê-la?
Enquanto VOCÊ, que toca de graça, atrasa seu show, chega bêbado e drogado para se apresentar, mal vestido, totalmente sem preocupação com seu equipamento de trabalho (imagine um dentista com todo seu equipamento sujo de pacientes anteriores!!!!) não mudar sua atitude e dar o devido respeito ao seu trabalho, nada irá mudar !
Eu já vi músico famoso do mainstream nacional chegar para dar um workshop de bateria com uma lata de cerveja na mão!!!!!! Esse é o tipo de profissional que temos?
Mas você esta só começando, e toca por diversão e sem cachê? Bom, não há nada de errado nisso. O errado é seu show ser cobrado ingresso! Bandas iniciantes têm que tocar de graça claro, mas ou toquem em festivais ou procurem bandas para fazer shows de abertura e com isso ganhar experiência e público, não para substituir uma banda que cobra cachê em um festival.
Isso é o que mais acontece. Ligam e perguntam se minha banda quer tocar em um festival. Apresentamos o contrato e o valor do cachê e então o convite desaparece, e chamam uma “banda” para o seu lugar que aceita tocar de graça!
Em um show, todo mundo ganha! O dono do bar, o motorista do taxi/van que leva o músico, a companhia de energia elétrica, a carrocinha de cachorro quente, o ambulante que vende bebida na frente do local do show, o produtor, os fornecedores do bar, os funcionários do bar. Só uma pessoa não ganha, e é justamente aquele que mobilizou e tornou possível toda esta engrenagem: O MÚSICO!
Tudo não passa de uma “brincadeira”, com “pseudo-produtores” armando shows com “pseudo-músicos” que tocam de graça e ainda agradecem o dono do bar e o produtor por deixar a banda tocar sem um mínimo de respeito e condições técnicas para tal.
Bom, com todo este cenário triste, com todas as nossas dificuldades, porque fazemos música? Simples, POR AMOR! Nós amamos o que fazemos e o fazemos com todo nosso coração! É algo que corre na veia dos músicos, é a necessidade de exprimir toda a sua criatividade em algo que possibilite passar emoções para as pessoas através de nossa arte.
Pode parecer utopia, mas eu ainda sonho e batalho pelo dia em que poderemos exercer nossa paixão e ser respeitado pelo profissionalismo com que encaramos nosso trabalho.
Tudo isso se estende aos atores de teatros, escritores e poetas, artistas plásticos em geral, que vivem à margem do estrelismo e que precisa de um emprego formal para poder mostrar sua obra.
Que esta data sirva para um pequeno momento de reflexo e conscientização de que apenas nós podemos mudar esta realidade.
Eu sou apenas um músico que há mais de 17 anos toca bateria e luta pelo profissionalismo e crescimento do mercado como uma forma de sustento digno. (Retirado do Site Batera.com.br)

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