Ouça e escreva
09 de outubro de 2011, por Tiger Bill Meligari
Aprender a escrever suas próprias partituras é um hábito que devemos desenvolver, não importando se você é um baterista em atividade ou apenas um iniciante.
Quer você toque com a mesma banda toda noite ou como um freelancer (tocar com várias bandas), há muitos benefícios em escrever suas próprias partituras. A maioria das partituras escritas para bateria são muito "pobres". Elas geralmente oferecem nada mais do que alguns acentos que você deve fazer junto com a banda. E as partituras que mostram os ritmos e os fills, geralmente estão incorretas. Por estas razões, se eles te entregam uma partitura ou não, você deve aprender a escrever as suas.
A Partitura Caseira
Suponha que você tenha uma nova música para trabalhar. Se você receber a partitura dela, use-a como uma base para criar a sua. Se não receber, você pode escrever uma. Primeiro faça um esboço da música toda num papel em branco. Se houver uma "intro", inclua-a no papel, mas não coloque nenhuma nota ainda. Depois inclua as outras partes da música. Faça uma anotação acima de cada seção da música, por exemplo, verso, chorus, ponte, fill, etc. Anote também, as seções onde haverá solos ou entrada de um cantor. Uma vez que você acabou o esboço da música toda, é hora de adicionar os detalhes.
Se você tem ensaiado com algumas bandas, deve ter notado que eles servem para fazer a checagem e alguma alteração da música, se for necessário. Serão adicionados alguns elementos e substituídos outros até que a banda resolva que o arranjo está pronto. O mesmo serve para sua parte. A música deve te dar uma idéia de qual groove você vai usar, mas o groove exato é algo que você vai experimentar e descobrir com a banda toda. É aí que entra sua percepção. Você deve ouvir cuidadosamente o que os outros músicos estão tocando e tentar encaixar seu padrão rítmico na música.
Neste ponto, sua partitura deve consistir de uma ou mais folhas com compassos vazios, e apenas algumas anotações acima de cada seção identificando-as como Intro, Verso, Solo, Ponte, etc. Você deve marcar também o andamento e o gênero a ser tocado (funk, rock, samba, etc.). Agora vem a melhor parte.
Preste Atenção ao Ritmo
Da primeira vez que você tocar a música, preste atenção ao contrabaixo. Se não houver um baixista, preste atenção na "linha de baixo" (mão esquerda) do piano/teclado. Se o tecladista não está fazendo a linha de baixo, saia da banda. (Estou parcialmente brincando aqui). Uma banda sem baixo é uma banda sem coração. Ok, vamos assumir que sua banda tenha um baixista. Você e o baixista têm que completar um ao outro, não competir um com o outro. O baterista deve seguir o padrão rítmico do baixista e vice-versa. Não exatamente nota por nota, mas próximo a isso. Isso dá ao resto da banda uma base sólida. O próximo membro da banda que você deve ouvir, é o tecladista. Se não houver um tecladista ouça o guitarrista. Seu padrão rítmico não deve conflitar com o padrão do guitarrista. Se a sua banda inclui um percussionista, você também deve prestar atenção ao que ele está tocando. Uma vez que você definiu o padrão rítmico, escreva-o na sua partitura. O fator "ouvir" é muito importante. Há muitos bateristas que tocam bem sozinhos, mas soam horríveis acompanhando uma banda. É porque eles não ouvem ninguém na banda além deles mesmos. Você pode ser o maior solista de todos os tempos, mas para soar bem com uma banda você deve se tornar parte desta banda. Ouça cuidadosamente o que os outros membros da banda estão tocando e complete cada um deles.
Uma vez que você definiu os padrões rítmicos, você pode se concentrar nos acentos que deve fazer junto com a banda. Com certeza você não vai decorar todos eles. Então anote-os na partitura.
Agora, sua partitura deve conter o seguinte:
- A indicação do andamento.
- O gênero de música a ser tocado (jazz, rock, etc.).
- O esboço da partitura toda dividida em compassos.
- Seções musicais com suas respectivas marcações (verso, solo, fill, etc.).
- O padrão rítmico escrito em detalhes.
- Todos os acentos que você fará com a banda.
Se a música tem uma linha de voz, você poderá marcar algumas das principais palavras da letra. Também, (a menos que infelizmente você esteja numa banda em que você tenha que tocar exatamente os mesmos fills, exatamente nos mesmos lugares) não escreva os fills, use somente a palavra FILL e deixe-os fluir de acordo com o momento.
Quando escrever sua partitura, esteja certo que ela está compreensível e legível a uma certa distância. Não inclua codas e sinais de repetição complicados demais, a ponto de fazer você se perder. É mais interessante escrever uma partitura um pouco longa e fácil de seguir do que uma curta e fácil de se perder.
Uma vez que você tenha várias destas partituras "caseiras", procure fazer um arquivo pessoal. E não se esqueça de ter uma cópia de cada uma em caso de perda.
Se você acha que ler uma partitura num show não é uma atitude profissional, você tem duas escolhas: memorize todas as músicas que for tocar ou coloque a partitura numa posição que o público não possa vê-la.
Mesmo que você não tenha a intenção de usar as partituras nos shows, eu recomendo que você as transcreva assim mesmo como um meio de treinar sua percepção e as use nos ensaios pra verificar se estão certas. As partituras ajudam a visualização da estrutura musical como um todo. E lembre-se ouvir é um dever! (Retirado do Site Batera.com.br)
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