Um pouco da filosofia de estúdio
02 de maio de 2012, por Acacio Carvalho
Olá galera!
Este mês resolvi escrever um pouco a respeito da minha “filosofia de estúdio”. Alguns conceitos são de conhecimento comum, por exemplo: Praticar o máximo possível as músicas antes das gravações. Neste artigo eu vou deixar estes conceitos mais comuns de lado e abordar alguns pontos de vista que têm me ajudado a melhorar a qualidade das minhas gravações e podem ajudar você a melhorar o seu trabalho também.
O primeiro aspecto a ser mencionado é a necessidade de entender pelo menos as principais diferenças entre uma performance ao vivo e uma gravação em estúdio. Em uma apresentação ao vivo, o fator “visual” da sua performance tem grande importância. A música sempre vai ter o foco principal, mas a sua performance visual no palco tem praticamente a mesma importância. No estúdio o aspecto visual da é irrelevante, portanto o foco do ouvinte estará completamente na música, na produção do disco, na performance dos músicos, etc. Em outras palavras: No estúdio, a música é o que vale. Lembre-se, gravar música é a arte de capturar emoções, momentos únicos e transformá-las em um produto físico, palpável e acessível para as outras pessoas. Assim como a descrição, na prática o mundo das gravações profissionais é extremamente complexo. Você precisa se manter informado e ter total consciência dos processos que são necessários para transformar algo abstrato (como uma emoção) em um produto que pode ser comercializado e compartilhado com outras pessoas.
Com isto em mente, você precisa se preparar para tocar com extrema precisão. Se você é um músico que grava gêneros modernos de rock/metal, esta precisão chega a beirar o impossível. A indústria desenvolveu um “modelo” de som e performance para estes estilos, onde frases extremamente rápidas e complexas, são tocadas de maneira absolutamente impecável nos discos, mesmo que ao vivo este nível de precisão não possa ser alcançado. Portanto quando você se prepara para gravar, o foco está na precisão da sua performance, e não na resistência física que seria necessária para tocar aquele mesmo material ao vivo. Procure criar algum tipo de vínculo emocional com cada música que for gravar, seja este vínculo uma memória, um sentimento, etc. Este é um dos raros casos onde até mesmo sentimentos considerados “negativos” como raiva, angústia, fúria, são úteis para trazer uma atmosfera diferente para o trabalho.
Outro grande diferencial que você deve buscar é compreender de maneira detalhada como uma gravação funciona tecnicamente. Como baterista, o seu trabalho se resume a entrar no estúdio com o melhor equipamento de bateria possível, tocar o material da melhor maneira possível e finalizar o trabalho o quanto antes. Porém, se você buscar conhecimento a respeito de todos os processos que ocorrem durante e após as gravações, você vai se tornar um músico muito mais eficiente. Pergunte-se, por exemplo: Quais microfones vão ser usados? Por que foram escolhidos estes microfones? Por que a bateria soa melhor em uma parte específica do estúdio? Oque vai ser feito com as faixas que você acabou de gravar? Quais processos são necessários para conseguir o som que você quer durante a mix?
Além disso, se você não está acostumado a tocar em gravações, logo no início irá perceber que a sua técnica precisa ser trabalhada de maneira intensa e o seu foco precisa ser constante neste aspecto. Existe uma maneira correta de atacar cada peça da bateria de maneira que o som seja satisfatório para o microfone, não para você. Eu já passei por diversas sessões de estúdio onde o som que eu escutava vindo da bateria enquanto tocava era horrível, mas quando escutava o resultado gravado através dos microfones era absolutamente incrível.
Hoje o músico já não tem mais o luxo de ter somente uma atividade, ele precisa explorar diferentes aspectos de seu trabalho. Não é raridade hoje em dia você encontrar músicos que gravam e produzem o seu próprio trabalho, portanto já não é mais uma opção você conhecer este universo, é questão de sobrevivência. Quanto mais conhecimento você adquire, melhores se tornam os resultados do seu trabalho e, consequentemente, os obstáculos que outrora eram intransponíveis, já não representam mais tamanho desafio.
Um grande abraço a todos e até a próxima!
Acacio Carvalho
Nascido em Brasília-DF, Acácio Carvalho começou a tocar bateria aos 9 anos de idade. Estudou na Escola de Música de Brasília e lecionou nas principais escolas de música da cidade, incluindo o Instituto Bateras Beat. Fez parte de bandas como "Dark Avenger" e "Vougan",as quais lhe proporcionaram exposição internacional. Em 2009 se mudou para os EUA e deste então vem gravando e se apresentando com bandas e artistas ao redor do mundo.
Retirado do Site www.batera.com.br
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